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Mapa da Serra da Boa Viagem com Trilhos (Triângulo do Cabo Mondego)

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Marine Littoral (Intertidal) - Litora...

Marine Littoral (Intertidal) - Litoral (Zona das Marés - Intermareal)

Recifes em Buarcos (Cabo Mondego).

BREVES APONTAMENTOS SOBRE ECOLOGIA MARINHA

Extraído de: Saldanha, Luiz: Fauna Submarina Atlântica . 3.ª Edição. Publicações Europa-América, Lda. Portugal. 1995.

Categorias de organismos

No mar existem organismos bentónicos  e pelágicos . Os animais (e vegetais) bentónicos (ou demersais)  são aqueles cuja vida está di­rectamente relacionada com o fundo, quer vivam fixos, quer sejam livres. Podemos exemplificar o primeiro caso com as esponjas, as gorgónias e as ascídias e o segundo com as raias. Os organismos bentónicos podem ainda viver sem ser em contacto directo com o fundo, como é o caso de numerosos peixes (os sargos, p. ex.), mas a sua existência depende desse mesmo fundo, por questões alimentares ou outras.

    Os organismos pelágicos (animais e vegetais)  são os que vivem no seio das massas de água. Não dependem do fundo, mas sim das propriedades fisico-químicas e do alimento existentes nas mesmas. Dentro desta categoria de organismos ainda podemos distinguir o plâncton  e o necton . O plâncton  é constituído pelos animais e vege­tais que vivem passivamente na coluna de água. Podem ou não ter mobilidade própria, que não é, no entanto, suficientemente forte para vencer os movimentos (correntes, p. cx.) da massa de água onde vivem. São exemplos de organismos planctónicos grande número de algas unicelulares (diatomáceas) e diversos pequenos crustáceos (copépodes), não esquecendo os ovos e larvas, entre os quais se contam os de muitos peixes. Os animais que constituem o necton , como os atuns e muitos outros, podem, pelo contrário, deslocar-se activamente e vencer os movimentos da água. Os seres que vivem na zona superficial do mar chamam-se epipelágicos . Por bentopelágicos  designam-se os organismos que vivem na coluna de água junto ao fundo.

Topografia dos fundos

Os organismos bentónicos  distribuem-se por toda a superfície dos fundos marinhos, da orla litoral até às maiores profundidades existentes. O perfil da topografia do fundo dos oceanos está esquematizado na  Fig. 1 . Nele podemos verificar que logo após a orla litoral existe uma plataforma que se estende, geralmente, até uma profundidade de cerca de 130 m -150 m a 200 m e que se chama plataforma continental. É sobre esta que se exerce a maior parte da actividade da pesca, por apresentar as águas mais ricas em nutrientes (ou sais nutritivos, utilizados no crescimento dos vegetais fotossintéticos, base da cadeia alimentar) e, consequentemente, em espécies de interesse económico. Ocupa apenas cerca de 8% da superfície total dos mares e oceanos.

    A plataforma continental segue-se um fundo bastante inclinado que se designa por vertente continental e que se estende até cerca de 2500 m a 3000 m de profundidade. A esta cota o fundo começa a apresentar apenas uma pequena inclinação, constituindo a rampa continental, que conduz à planície abissal a cerca de 4000 m a 5000 m de profundidade, conforme os casos. Esta pode estender-se até cerca de 6500 m -7000 m de profundidade e ser percorrida, nalguns locais, por estreitas e longas ravinas — as ravinas ou fossas abissais — que apresentam as maiores profundidades conheci­das, ou seja, cerca de 11020 m. Esta profundidade, conhecida por Challenger Deep , está localizada junto às ilhas Marianas, no oceano Pacífico. O conjunto rampa-planície abissal ocupa a maior parte da superfície total do leito marinho ou seja cerca de 75,8% do mesmo. De um modo simplificado alguns autores designam por planície abissal o conjunto rampa-planície abissal, tanto mais que a composição da fauna nelas existente não permite, no estado actual dos conhecimentos, a divisão em duas entidades faunísticas diferentes.

    Chamam-se neríticos os organismos que povoam a coluna de água e os fundos da plataforma continental. O conjunto destes elementos constitui a Província nerítica, em contraste com a Província oceânica, mais pobre em nutrientes e organismos. Esta engloba as águas e os fundos da vertente e rampa continentais, bem como da planície e ravinas abissais. Corresponde a cerca de 92% da superfície total dos mares e oceanos. As águas neríticas são em regra de tons esverdeados, ao passo que as águas oceânicas são de cor azul.

Fig. 1  - Topografia esquemática do fundo dos oceanos  - distribuição

dos organismos e zonação dos andares. Saldanha (1995).

Zonação do litoral

A natueza qualitativa e quantitativa das comunidades animais e vegetais que vivem sobre os fundos do mar (organismos bentónicos) vai variar bastante conforme os diversos factores físicos existentes nos vários níveis do fundo marinho.

    Entre esses factores citaremos a luz , a temperatura , a humectação , o hidrodinamismo  (ou seja, agitação da água), a pressão  e a natureza do substrato . Este pode ser rígido (rocha consolidada, p.ex.) ou móvel (detrítico, arenoso, vasoso, p. ex.).

    Existem, assim, conjuntos de organismos que correspondem a determinadas condições ecológicas, sensivelmente constantes em função da situação em relação ao nível do mar, que vão caracterizar o que se chama um andar . Podemos deste modo distinguir vários andares com base na natureza dos povoamentos e agrupá-los em sistemas. Os povoamentos existentes sobre a plataforma continental podem ser agrupados em quatro andares diferentes: o supralitoral , o mediolitoral , o infralitoral  e o circalitoral . Estes quatro andares constituem o sistema litoral  ou fital , pelo facto de apresentar vegetais.

Andares do Sistema litoral

Supralitoral

Os primeiros povoamentos marinhos que se encontram logo a seguir ao domínio terrestre sobre substratos rochosos e que formam o andar supralitoral são caracterizados pela existência de um pequeno molusco gastrópode — Littorina neritoides  (= Melaraphe neritoides ),

?Littorina neritoides

que encontramos em grande quantidade, sobretudo nas fissuras dos rochedos, e pela presença de algas azuis microscópicas — as cianofíceas que vivem no interior da rocha e lhe conferem uma cor acinzentada. Esta cor permite limitar superiormente o andar, podendo-se assim estabelecer a fronteira entre o domínio marinho e o terrestre.

    Quando a agitação da água (ou seja, o hidrodinamismo) diminui, além dos elementos citados, iremos encontrar um líquene negro Verrucaria maura ,

Verrucaria maura

cujo aspecto lembra o alcatrão derramado sobre a rocha. Característico também deste andar é o crustáceo isópode Ligia oceanica  que vive geralmente nas fissuras das rochas, pequenas concavidades ou tecto de grutas.

Ligia oceanica

    O andar supralitoral é raramente coberto pela água do mar. o que, no entanto, pode acontecer durante as marés vivas, mas sempre por pouco tempo. De um modo geral, está apenas sujeito à aspersão por gotículas de água provenientes das vagas. Pode. por vezes, ser banhado pelas vagas muito fortes. A extensão vertical deste andar, assim como a do mediolitoral, vai evidentemente variar em função da exposição da costa à intensidade hidrodinâmica e da amplitude da maré (que condicionam a humectação). Ambos estão compreendidos na zona das marés, bem como a parte superior do infraliloral.

Sobre os substratos arenosos, o povoamento do andar supralitoral é em regra constituído por crustáceos anfípodes (as pulgas-do-mar).

Mediolitoral

A natureza dos povoamentos apresentados pelo andar mediolitoral que se encontra totalmente compreendido na zona das marés, sobre substratos rochosos, vai também variar em função do hidrodinamismo. Em qualquer circunstância, os primeiros elementos mediolitorais, que se observam para baixo do supralitoral, são constituídos por indivíduos dos crustáceos cirrípedes Chthamalus montagui  e Chthamalus stellatus , espécies presentes em toda a extensão vertical do andar.

?Chthamalus montagui

Chthamalus ?montagui

    Na parte mais baixa do mediolitoral existem povoamentos densos de mexilhões — Mytilus galloprovincialis ,

Mytilus galloprovincialis

sendo o limite do andar delimitado inferiormente por uma alga calcária, Lithophyllum lichenoides  <= Lithophyllum tortuosum ).

Lithophyllum sp.

Ao nível desta alga vamos também encontrar o crustáceo cirrípede Balanus perforatus .

Balanus perforatus

Balanus ?perforatus

Nos locais em que o hidrodinamismo é mais atenuado, além dos elementos que acabámos de citar, existe muito perto do limite superior do andar uma cintura (faixa de altura regular) de cor negra, constituída pelo líquene Lichina pygmaea

Lichina pygmea

e na parte inferior a alga Fucus spiralis .

Fucus spiralis

Fucus ?spiralis

Nos locais em questão, o limite inferior do andar é constituído por povoamentos densos de Balanus perforatus . Pois Lithophyllum lichenoides desaparece quando o hidrodinamismo atinge determinado valor mínimo.

    Na extensão vertical do andar mediolitoral poderemos encontrar numerosas poças permanentemente repletas de água, onde as condições ambientais são semelhantes às existentes no andar infralitoral, constituindo assim um enclave do andar infralitoral no mediolitoral. As poças em questão encontram-se geralmente forradas pela alga calcária Lithopyllum incrustans  e apresentam organismos infralitorais, entre os quais o ouriço Paracentrotus lividus .

Poça com Paracentrotus lividus  e Litophyllum sp.

    Os substratos arenosos mediolitorais apresentam crustáceos anfípodes e poliquetas.

Infralitoral

    O andar infralitoral estende-se desde o limite inferior do andar mediolitoral até à profundidade compatível com a existência das algas fotófilas (algas que exigem bastante iluminação) ou das angiospérmicas marinhas ( Zostera , p. cx.), que na costa portuguesa se situa a cerca de 20 m a 24 m de profundidade. Este andar, de que apenas uma pequena zona da parte superior descobre na baixa-mar, é essencialmente ocupado pela biocenose das algas fotófilas, que apresenta várias fácies, ou seja, a proliferação de determinada espécie (da biocenose) em determinada área. Nos locais de maior hidrodinamismo e na zona mais superficial encontra—se a fácies constituída pela alga Corallina elongata .

Corallina ?elongata

Corallina ?elongata

Mais abaixo são as algas Gelidium sesquipedale  e Asparagopsis armata  as responsáveis pela formação de importantes fácies. Nos locais em questão pode também aparecer uma fácies constituída pelo mexilhão Mytilus galloprovincialis  (que apresenta, portanto, povoamentos médio e infralitorais). Em muitas zonas assistimos à implantação, sobre os povoamentos de  Gelidium sesquipedale  e de  Asparagopsis armata , de uma fácies de Saccorhiza polyschides . Esta alga é geralmente acompanhada por Cystoseira usneoides  nos locais onde há uma certa diminuição da intensidade hidrodinâmica. No nível mais superficial, o povoamento de  Corallina elongata,  dos locais mais batidos, é substituído pelo de Gigartina acicularis  nos locais menos batidos ou calmos. Nos fundos infralitorais. o ouriço Paracentrotus lividus, pelo facto de se alimentar de algas, pode destruir toda a vegetação de determinada área e provocar ass im o aparecimento de uma fácies de Lithophyllum incrustans , alga calcária que o ouriço geralmente não ataca e que é aderente às rochas do fundo.

    Sobre os substratos arenosos infralitorais há a assinalar os povoamentos densos constituídos por Zostera marina . No interior das areias vivem igualmente numerosas formas animais, das quais poderemos citar o ouriço irregular Echinocardium cordatum

Echinocardium cordatum

Exoesqueleto de  Echinocardium cordatum

e o molusco bivalve Callista chione .

Callista chione

Circalitoral

  Se ao longo da costa portuguesa a paisagem dos fundos infralitorais rochosos é dominada pelas algas, a fracção dominante dos povoamentos circalitorais é constituída por organismos animais. O aspecto fisiográfico dos fundos rochosos circalitorais portugueses, acessíveis com escafandro autónomo, é assim fundamentalmente dominado por esponjas (em regra de porte elevado), alcionários, gorgónias e briozoários (colónias de grandes dimensões). Outra das características do andar circalitoral é a que diz respeito às exigências das algas, no que concerne à luz. Com efeito, as algas circalitorais só toleram uma luminosidade atenuada e por isso são chamadas algas ciáfilas.

    Na nossa costa o limite superior do andar circalitoral pode considerar-se como situado a cerca de 20 m a 24 m de profundidade, mas é evidente que existe uma zona de transição entre o andar infralitoral e o circalitoral. É portanto à volta dessa profundidade que vamos encontrar organismos preferenciais do circalitoral rochoso como sejam a esponja Axinella polypoides , a gorgónia Eunicella verrucosa , os alcionários Alcyonium palmatum , Alcyonium acaule , Alcyonium coralloides   e os briozoários Pentapora foliacea  e Myriapora truncata .

    Sobre as rochas da parte mais profundado circalitoral é possível encontrar o coral Dendrophyllia ramea , que atinge grandes dimensões.

   É com base no desaparecimento das algas ciáfilas que se pode estabelecer o limite inferior do circalitoral, que coincide frequentemente com a margem da plataforma continental.

    As grutas submarinas , existentes ao longo do nosso litoral, apresentam povoamentos muito ricos, de afinidade circalitoral. A esponja Petrosia ficiformis

Petrosia ficiformis

e o antozoário Parazoanthus axinellae

Parazoanthus axinellae

são espécies preferenciais das grutas onde não há obscuridade total. Podem, no entanto, aparecer nos fundos circalitorais, quando a luminosidade é equivalente a existente nas grutas semiobscuras.

 

Zonação relativa aos andares supra, médio, e parte superior do infralitoral,

tendo em conta o grau de hidrodinamismo - maior agitação à esquerda e menor à direita. Saldanha (1995).

1(SL)

Cianofíceas endólitas

2(SL)

Littorina neritoides

3(SL)

Ligia oceanica

4(MLs)

Chthamalus montagui

5(MLs)

Patella rustica

6(MLs)

Patella vulgata

7(ML)

Mytilus galloprovincialis

8(ML)

Patella intermedia

9(MLi)

Balanus perforatus

10(MLi)

Lithophyllum lichenoides

11(MLi)

Patella aspersa

12(ML)

Poça (enclave infralitoral) forada por Lithophyllum incrustans  e povoada por Paracentrotus lividus

13(IL)

Corallina elongata

14(IL)

Gelidium sesquipedale

15(IL)

Saccorhiza polyschides

16(SL)

Verrucaria maura

17(MLs)

Lichina pygmea

18(ML)

Fucus spiralis

19(IL)

Gigartina acicularis

Zonação dos povoamentos litorais sobre substrato rochoso. Saldanha (1995).

 

1(ILs)

Lithophyllum lichenoides  (limite superior do andar infralitoral)

2(ILs)

Corallina elongata

3(ILs)

Gigartina acicularis

4(IL)

Mytilus galloprovincialis

5(IL)

Gelidium sesquipedale

6(IL)

Sacchoriza polyschides

7(IL)

Cystoseira usneoides

8(IL)

Asparagopsis armata

9(CLs)

Paracentrotus lividus  e fácies de Lithophyllum incrustans

10(GR)

Algas calcárias

11(GR)

Leptopsammia pruvoti , Hoplangia durotrix

12(GR)

Caryophyllia smithii

13(GR)

Petrosia ficiformis

14(CL)

Eunicella verrucosa

15(CL)

Myriapora truncata

16(CL)

Pentapora foliacea

17(CL)

Axinella polypoides

18(CL)

Parazoanthus axinellae  sobre esponja

  

  

As comunidades e organismos que se encontram nas diversas zonas e andares do litoral ou zona das marés constituiem assim uma rede de organismos interdependentes numa cadeia alimentar  complexa:

O ICN ( Instituto da Conservação da Natureza , Portugal) tem publicado no âmbito do Plano Sectorial da Rede Natura 2000  um papel informátivo sobre o habitat 1170  dos recifes portugueses. Este papel ajuda compreender a importância ecológica dos recifes que se encontram frequentemente na zona das marés:

Os recifes

Proposta de designação portuguesa

• Recifes.

Diagnose

• Substratos rochosos ou de origem biológica, submarinos ou expostos durante a maré baixa, desde o fundo do mar até às zonas sublitorais e litorais. Nestes recifes ocorrem comunidades bentónicas vegetais e animais, bem como comunidades não bentónicas associadas.

Correspondência fitossociológica

• Não aplicável.

Subtipos

• A extrema diversidade de subtipos existentes, torna premente a elaboração de uma classificação própria.

Caracterização

• É composto por substratos duros, de origem biogénica ou geogénica, que emergem do fundo marinho, podendo estender-se desde a zona entre marés até profundidades muito variáveis. Pode apresentar plataformas que se dispõem desde a costa até grandes profundidades ou ocorrer em manchas isoladas entre substratos de areia ou lôdo.

• Habitat caracterizado por uma muito elevada diversidade biológica. Apresenta sazonalmente um crescimento muito acentuado dos povoamentos de algas, que durante a Primavera e Verão dominam toda a paisagem subaquática até profundidades onde a luz é suficiente (ca. -30 metros). Os povoamentos animais, que neste habitat apresentam representantes de todos os grandes Filos, surgem nas mais diversas situações: fauna nectónica, fauna bentónica fixa aos substratos e fauna bentónica não fixa aos substratos. Pode apresentar concreções, incrustações ou formações recifiais biogénicas, em que a fauna é parte do recife, ocorrendo desde a zona entre marés até grandes profundidades, mesmo ultrapassando o limite de ocorrência de algas. Os recifes costeiros concentram mais de 80% da vida no mar. Deles dependem também, em muitos casos, formas de vida animal mais características do mar alto, particularmente nos períodos críticos de reprodução ou crescimento de juvenis.

• Substratos duros cobertos por uma camada fina e móvel de sedimento são considerados neste habitat se a fauna ou a flora associadas forem dependentes sobretudo dos substratos duros subjacentes.

• Pode dispor-se em mosaico com os tipos de habitat 1110  “Bancos de areia permanentemente cobertos por água do mar pouco profunda”  e 1140  “Lodaçais e areais a descoberto na maré-baixa”  Frequentemente é uma componente dos habitates 1130  “Estuários”  e 1160  “Enseadas e baías pouco profundas” ; pontual no habitat 1150  “Lagunas costeiras” .

  • Pode ainda contactar com os habitates 8330  “Grutas marinhas submersas ou semi-submersas” , 1230  “Falésias com vegetação das costas atlânticas e bálticas”  e 1240  “Falésias com vegetação das costas mediterrânicas com Limonium spp.” .

Distribuição e abundância

Escala temporal (anos desde o presente)  -103 -102 -101

Variação da área de ocupação ↔ ↔ ↔

• Comum nas zonas costeiras (Províncias Cantabro-Atlântica  e Gaditano-Onubo-Algarvia ).

Bioindicadores

• A grande maioria das algas, castanhas ( Saccorhiza, Fucus, Laminaria, Cystoseira,  etc.), vermelhas (família das Corillanaceae, Ceramiceaceae, Rhodomelaceae ) e verdes ( Ulva , etc.). Entre a fauna mais característica, é de assinalar a presença quase exclusiva neste habitat de muitos grupos tais como as esponjas ( Porifera ), as anémonas, antozoários e gorgónias (Cnidaria), os briozoários ( Briozoa ) e as ascídeas ( Tunicata ). Os restantes grupos animais, embora ocorram também noutros habitates marinhos, ocorrem maioritariamente nos recifes, como por exemplo os grupos dos moluscos (e.g. Mytilus, Charonia ), crustáceos (e.g. Palaemon, Palinurus ), equinodermes (e.g. Paracentrotus, Marthasterias ), anelídeos (e.g. Spirographis, Filograna ) e peixes (e.g. Parablennuis, Serranus ).

Serviços prestados

• Refúgio de biodiversidade (local de desova e maternidade).

• Sequestração de CO2.

• Regulação climática.

• Prevenção de fenómenos catastróficos.

• Regulação do ciclo de nutrientes.

• Eliminação-reciclagem de resíduos.

• Alimentos.

• Recursos genéticos.

• Substâncias de uso farmacêutico.

• Recursos de uso ornamental.

• Informação estética.

• Recreação.

• Informação artística e cultural.

• Informação espiritual e histórica.

• Educação e ciência.

Conservação

Grau de conservação

• Sofrível a mau, por acção antropogénica.

Ameaças

• Dragagem de fundos marinhos, costeiros ou estuarinos.

• Pesca ou apanha por artes ou métodos que perturbem o fundo.

• Poluição por efluentes não tratados.

• Introdução de espécies exóticas invasoras por águas de lastro.

• Poluição por produtos poluentes (e.g. hidrocarbonetos) e catástrofes envolvendo o seu derrame no mar.

• Obras de engenharia costeira indutoras de alterações ao regime de correntes e à dinâmica sedimentar ou que impliquem a destruição directa do habitat.

• Fundeação desordenada de embarcações de recreio.

• Introdução de espécies exóticas invasoras.

• Excesso de pesca e apanha de organismos marinhos.

Objectivos de conservação

• Manutenção da área de ocupação.

• Melhoria do grau de conservação.

Orientações de gestão

• Condicionar dragagens.

• Condicionar obras de engenharia costeira que modifiquem a dinâmica de sedimentos junto à costa ou que impliquem a destruição directa do habitat.

• Reforçar a fiscalização sobre a pesca e a apanha de organismos marinhos.

• Condicionar a pesca ou apanha por artes ou métodos que revolvam o fundo.

• Criar áreas marinhas interditas a actividades de pesca, apanha ou extracção.

• Reforçar a fiscalização da lavagem de tanques de petroleiros.

• Afastar os corredores de circulação de navios com cargas perigosas para mais longe da costa.

• Controlar o despejo de águas de lastro.

• Promover o tratamento das águas de lastro.

• Reforçar o controle sobre o despejo de efluentes não tratados.

• Incrementar a qualidade do tratamento de esgotos e águas residuais.

• Condicionar actividades subaquáticas, nomeadamente as dirigidas para a pesca, apanha ou extracção.

• Ordenar a fundeação de embarcações de recreio.

• É urgente ampliar o conhecimento sobre o habitat, nomeadamente em situações de mar profundo ou

offshore (e.g. recifes de coral de água fria; Lophelia pertusa), quanto a:

o localização e cartografia;

o biologia;

o ameaças;

o grau de afectação causado pelas actividades humanas, e.g. exploração dos recursos pesqueiros;

o estado de conservação.

Outra informação relevante

• A aplicação da Directiva 92/43/CEE  ao meio marinho obriga à classificação de áreas no Mar Territorial

(até às 12 nM) e na Zona Económica Exclusiva (até às 200 nM). Por lacunas de conhecimento,

dificuldades de delimitação de áreas e custos associados, a classificação de áreas deste habitat de

excepcional importância científica é incipiente.

Bibliografia

Almada V, Gonçalves E & Henriques M (2000). Inventariação e ecologia da ictiofauna do substrato rochoso da costa Arrábida/Espichel.  Relatório. Instituto da Conservação da Natureza. Lisboa.

Comissão Europeia (Direcção Geral de Ambiente; Unidade Natureza e Biodiversidade) (2003). Interpretation Manual of European Union Habitats.  Bruxelas.

Comissão Europeia (Direcção Geral de Ambiente) & Agência Europeia do Ambiente (Centro Temático Europeu da Protecção da Natureza e da Biodiversidade) (2002) Atlantic Region. Reference List of habitat types and species present in the region.  Doc. Atl/B/fin. 5. Bruxelas-Paris.

Comissão Europeia (Direcção Geral de Ambiente) & Agência Europeia do Ambiente (Centro Temático Europeu da Protecção da Natureza e da Biodiversidade) (2003) Mediterranean Region. Reference List of habitat types and species present in the region.  Doc. Med/B/fin. 5. Bruxelas-Paris.

Henriques M, Gonçalves EJ & Almada VC (1999). The conservation of littoral fish communities: a case study at Arrábida coast (Portugal). In  Almada VC, Oliveira RF & Gonçalves EJ (eds). Behaviour and Conservation of Littoral Fishes : 473-519. Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Lisboa.

Saldanha L (1974). Estudo do povoamento dos horizontes superiores da rocha litoral da costa da Arrábida (Portugal). Arquivos do Museu Bocage (2ª série), 1: 1-382.

Classificação Marinha da Grã-Bretagne e da Irlanda

Uma classificação dos habitats europeus encontra-se no projecto EUNIS - European Nature Information System .

Uma classificação dos habitats marinhos encontra-se na classificação dos habitas marinhos da Grande-Bretagne e da Irlândia . Esta classificação é compátivel e integrada na classificação EUNIS.

Os habitats do litoral (zona das marés - intermareal)  são facilmente acessíveis ao visitante da praia, especialmente em dias de marés grandes. Porém, nos achados da praia encontram-se também espécies de outras zonas benticas como do sublitoral (zona subtidal) .

"The marine habitat classification for Britain and Ireland provides a tool to aid the management and conservation of marine habitats. It is one of the most comprehensive marine benthic classification systems currently in use, and has been developed through the analysis of empirical data sets, the review of other classifications and scientific literature, and in collaboration with a wide range of marine scientists and conservation managers. It is fully compatible with and contributes to the European EUNIS habitat classification system."

Habitat categories and codes - Categorias de habitats e os códigos

L Littoral (intertidal)

L Litoral (Zona das marés)

LR Littoral rock

 LR Rocha litoral

LR1 Exposed rocky shores

 LR1 Costas rochosas expostas

 

 

LR2 Moderately exposed rocky shores

 LR2 Costas rochosas semi-expostas

 

 

LR3 Sheltered rocky shores

 LR3 Costas rochosas protegidas

 

 

LR4 Mixed substrata shores

 LR4 Costas com substratos mistos

 

 

LR5 Sea caves

 LR5 Grutas marinhas

 

LS Littoral sediment

 LS Sedimento litoral

LS1 Shingle and gravel shores

 LS1 Costas com cascalho e seixo

 

 

LS2 Sand shores

 LS2 Costas arenosas

 

 

LS3 Muddy sand shores

 LS3 Costas com lama (silte/argila) e areia

 

 

LS4 Mud shores

 LS4 Costas com lama (silte/argila)

 

 

LS5 Mixed sediment shores

 LS5 Costas com sedimentos mistos

 

Esta secção da zona litoral ou zona das marés (intermareal)  é definida como a área entre o limite superior da zona supralitoral (zona não coberta de água, mas sujeita à aspersão por gotículas de água provenientes das vagas em zonas rochosas e da borda de água ("strandline") nas costas com sedimento) e a zona do MLWS (Mean Low Water Spring = Baixa-mar média de sizígia*).

Alguns habitats, embora influenciados pelas tidas no limite superior da zona litoral, foram colocados na secção da costa  da classificação em vez da zona litoral ou zona das marés (intermareal):

  • Entre estes encontram-se os sapais (salt marshes (CM1-2)), as falésias (sea cliffs (CS1-3)), as lagunas (Lagoas), lagos salgados (CW1) e rios tidais (CW2).
  • Note também que construções costais do intertidal são tratados separadamente  sob ?paredes (sea walls), ?pontões (piers) e ?barras (jetties) (CC1).

A borda do sublitoral  ("sublittoral fringe"), zona costeira entre zona do MLWS (Baixa-mar média de sizígia) e baixa-mar extrema de sizígia, não está incluida nesta definição da zona litoral .

O termo " exposição " é usado em relação ao ambiente marinho e refere-se às acções das ondas e das tidas, e não ao ar. Em vez disso, os termos emersão (exposto ao ar) e submersão (submerso com água) são usados.

*As grandes marés causadas pelo alinhamento do sol, Terra e lua são chamadas de marés de sizígia (spring tides).

Distribuição de organismos marinhos

em função de exposição (horizontal) e zona intertidal (vertical).

Reproduced from Ballantine, W.J. (1961) Field Studies 1.

Porphyra  (SL)

Chthalamus  (ML)

Pelvetia  (MLs)

Fucus spiralis  (MLs)

Balanus balanoides  (ML)

Ascophyllum  (ML)

Fucus vesicolosus  (ML)

Gigartina  (MLi)

Himanthalia  (MLi)

Fucus serratus  (MLi)

Alaria  (IL)

Laminaria digitata  (IL)

Laminaria saccharina  (IL)

Os habitats do litoral, da zona das marés, são subdivididos em duas secções na base do tipo do substrato: rocha litoral  (substrados duros e consolidados, colonialisados sobretudo por epibiota) e sedimento litoral  (materiais não-consolidados e colonialisado sobretudo por "Infauna*").

*Infauna é fauna que vive no substrato do sedimento.

Rocha inclui rocha maciça e acumulações de material rochoso estável  (veja Tabela 2).

Sedimento inclui acumulações móveis arredondados de seixo e pedregulhos, areias e lodos.

Costa marítima com substratos mistos de rocha e sedimento são incluidos na secção de substratos sólidos com rocha (LR4)

Depósitos intertidais de turfa são tratados como substratos sólidos com rocha

Substratos artificiais são tratados na secção da costa terrestre (CC1). Note que estes substratos geralmente contêm as mesmas comunidades marinhas como substratos naturais.

Islas de lodo ou areia e canais de estuários que estão expostos ao ar durante a maré baixa, não são tratados separadamente, mas devem ser categorizados na base do tipo de substrato na secção do litoral (zona das marés).

Canais de estuários que mantêm água (doce ou salobra) na maré baixa devm ser incluidas na secção do litoral.

Caniço em estuários deve ser categorisados como caniços e pauis (FS1).

Tabela 2: Intervais de tamanhos de partículas de rocha solta e sedimento

Particle Type

Size range - diameter (mm)

Boulder (?bloco)

>256

Cobble (?calhau)

64-256

Pebble (?Seixo - Pedregulho - Cascalho)

16-64

Gravel (?Seixo - Pedregulho - Cascalho)

4-16

Coarse sand (?Areia grossa)

1-4

Medium sand (?Areia media)

0.25-1

Fine sand (?Areia fina)

0.063-0.25

Mud (silt/clay fraction) (?Lodo)

<0.063

 

! A terminologia do litoral, usada na zonação em função de exposição e hidrodinâmica na classificação da Grã-Bretagne e da Irlanda, não se deve confundir com a terminologia usada por Saldanha (1995).  Saldanha define como sistema litoral  os quatro andares do supralitoral, mediolitoral, infralitoral e circalitoral  que no seu conjunto constituem a zona do fital  (onde se encontram vegetais). A zona das marés  (também designada como intermareal ) é apenas uma parte desta zona do fital  e extende-se do supralitoral  até a uma parte superior do infralitoral . A parte inferior do infralitoral  e o circalitoral  já não fazem parte da zona das marés .

Saldanha (1995) aponta também para os factores abióticos (físicos) e a importância do hidrodinâmismo para a composição biótica da zona das marés.

Veja também:

1170 Recifes

e

Classificação Marinha da Grã-Bretagne e da Irlanda

Bibliografia:

 Saldanha, Luiz: Fauna Submarina Atlântica . 3.ª Edição. Publicações Europa-América, Lda. Portugal. 1995.

The Marine Habitat Classification for Britain and Ireland (version 04.05)

Plano Sectorial da Rede Natura 2000 - Habitats Naturais

Young Reporters  > Análise do padrão de distribuição dos organismos ...

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